domingo, 28 de dezembro de 2008

As Ondas de Virginia Woolf



Virginia Woolf

Virginia Woolf (Adeline Virginia Stephen, nome de solteira) nasceu em Londres em 1882 e suicidou-se em Lewes, em 1941. Cresceu num ambiente de intelectuais em Bloomsbury, centro da vida cultural inglesa durante muitos anos. A escrita de Woolf ficou marcada pelo uso da técnica do denominado “fluxo de consciência”, através da qual as personagens revelam os sentimentos mais profundos.

Algumas obras:
- A Viagem (1915)
- Noite e Dia (1919)
- O Quarto de Jacob (1922)
- Mrs. Dalloway (1925)
- Rumo ao Farol (1927)
- Orlando, Uma Biografia (1928)
- As Ondas (1931)
- Entre os Actos (1941)
Distinguiu-se pelos seus estudos sobre a condição feminina, como se pode comprovar em Um Quarto Que Seja Seu (1929) e Os Três Guinéus (1938).

As Ondas





O título é uma metáfora, representa as fases da vida das personagens como se fossem marés, que os aproximam e os afastam. Sensível, solitária, melancólica, misteriosa, desencantada e sem esperança, por fim depressiva Woolf mergulha nos pensamentos mais profundos do ser humano, o que nos leva a ficar suspensos na leitura como se nos ausentássemos do corpo, tal como as personagens.


A história baseia-se na relação de seis pessoas totalmente diferentes, desde a infância à velhice. Com o passar do tempo, elas afastam-se umas das outras, mais tarde reencontram-se devido à morte de uma delas e sentem-se estranhas, porque se apercebem que desperdiçaram momentos que podiam ter vivido juntas.


A narração é feita de modo indirecto, sendo este um aspecto muito conhecido da escrita de Woolf. A obra é construída de diálogos, mas diálogos interiores, são formas de pensar ditas como que em voz alta. À medida que as personagens vão amadurecendo, os seus discursos também amadurecem e é por eles que vamos tendo noção da passagem do tempo. Somos forçados a encarnar as personagens, pois é despertada em nós uma sensibilidade ao ponto de pensarmos o que elas pensam, sentirmos o que elas sentem, o que nos leva a mergulhar no labirinto de ondas que se chama ser humano. O que é para nós o tempo? Qual o sentido da nossa existência? Qual é o significado da vida e da morte? Estas são algumas das questões levantadas pelas personagens, e o que facilmente nos leva a identificar com elas.


Ler As Ondas é como ouvir uma infinidade de sons através de uma única voz, é ver diferentes rostos do ser humano, é permitir que um rasgo poético de consciências atravesse a nossa própria consciência, revelando-nos cruamente que não é surpresa a escuridão que somos. Tudo se concentra no indivíduo, nada mais existe para além do que reside nele… Goste-se ou não se goste, ninguém consegue ficar indiferente a Virgínia Woolf…

2 comentários:

tickets4three disse...

Espectacular, tens razão, ninguém consegue ficar indiferente.
Beijinhos

SD disse...

É, tbm não fiquei indiferente!
A obra é belíssima, me marcou muito!

Fiz um post tbm!
Confira no meu blog! =D